O que há de comum entre as duas categorias?
Ambas transportam seres humanos rumo ao seu destino. Alguns trabalham em condições difíceis, pela área que atendem, ou por superlotação, assim como a violência que se alastra na sociedade e acaba afetando uma e outra categoria. Em períodos de temperaturas elevadas, outro problema, pois ar condicionado passa a ser uma necessidade, já que tanto ônibus quanto salas de aula abrigam um número considerável de pessoas em espaço restrito. São funções que geram uma carga considerável de estresse.
Motoristas de ônibus recebem R$ 1.867,74 (dez/2013) de acordo com dados coletados nos meios de comunicação e sua co-participação no plano de saúde é de R$ 40,00 – valor esse que corresponde a aproximadamente 2,2% do salário – e esperam que seja reduzido para R$10,00. Recebem R$ 16,00 de vale-alimentação e reivindicam que o valor seja reajustado para R$ 19,00.
Professores da rede estadual do RS devem receber – apesar de uma reposição de 76% nos últimos quatro anos – R$ 1.260, ao fim de 2014. Descontam 3,1 % do salário para o IPE Saúde e recebem R$ 7,57 de vale refeição, em parte estornado, assim como ocorre com o vale-transporte de R$ 2,80. Com os estornos legais, os valores diminuem.
Milhares de motoristas e cobradores também reivindicam uma justa redução da jornada de trabalho de sete horas e 10 minutos para seis horas.
Profissionais de áreas diferentes, mas de fundamental importância para a sociedade. As condições de trabalho e de remuneração não diferem muito. Talvez a única diferença seja que a maioria dos professores investe tempo e dinheiro para obter uma graduação universitária para tentar transportar seus alunos ao destino e ao mesmo tempo, instigando-os a estudar para que tenham maiores oportunidades de desenvolvimento, apesar de seus mestres ganharem tão pouco.
Greve atrapalha a sociedade, mas a ausência de profissionais também costuma afetá-la. Em breve, iniciam-se as aulas na rede pública estadual. Alunos e professores terão transporte público a disposição, em Porto Alegre, mas e apesar dos mais de 10 mil aprovados no concurso esperando nomeação, o ano letivo vai iniciar mais uma vez, com ausência de regentes em muitas salas de aula. Os processos seletivos para contratos emergências já iniciaram, enquanto os concursados aguardam pacientemente, sem nem mesmo poder fazer uma greve.
Condutores de destinos, percebidos como necessários na ausência.