Sobre Angela Maieski

Graduada em Ciências Sociais, atuei como professora em escola pública. Ler e escrever crônicas fazem parte do meu cotidiano. Tornei-me professora por acaso, ou melhor dizer, por contingência financeira, uma vez que o curso de psicologia, já no quinto semestre, não proporcionava bolsa de estudo. A licenciatura foi a opção para concluir a graduação. Por seis anos presidi o Conselho Municipal do Idoso de minha cidade e atuei durante um ano como coordenadora de um programa para a Terceira Idade em um Centro Universitário. Entrei na rede pública como professora substituta há 7anos e adoro lecionar. Sempre digo aos alunos que aprendo muito com eles e ao mesmo tempo me divirto,pois cada aula é diferente e especial, assim como os alunos. É a velha máxima, ganho pouco,mas me divirto, e agradeço todos dias pelas centenas de alunos que me 'aturam', sejam eles maravilhosos ou 'pestinhas' pois todos contribuem para que eu cresça como ser humano, apesar de meu mais de meio século de vida.

Família crista nada tradicional

A história da humanidade é repleta de deuses e mitos. O deus Cronos ou Saturno na mitologia romana, devorava seus filhos por medo de que um deles lhe tirasse o trono. Retratado por Goya, a obra pertence ao Museu do Padro, em Madri. A crueldade do mito despertou a atenção do artista. Mitos são alegorias fantásticas, mas não são reais.

E a percepção das crenças muda com o passar do tempo. No passado nem tão remoto, a família tradicional se constituía de pai, mãe e filhos. Divórcio não existia e desquite transferia para a mulher a pecha de vadia, mesmo que o homem tivesse várias amantes. Pouco antes, mulher nem tinha voz, apanhava calada e saia muda. Viajar? Só com o consentimento do cônjuge. Votar? Não eram merecedoras. Aos poucos foram conquistando Direitos Humanos, que incluem o direito à liberdade, ao trabalho, à educação e à dignidade os quais, antes, de várias formas lhes era negado.

E hoje? Como se compõe a família tradicional? Somente de pai, mãe e filhos? E aquelas com pai, mãe, filhos, enteados, madrastas e padrastos pode ser considerada tradicional?  Ou mãe, mãe, enteados? Ou pai, pai, filhos? Família é aquela que acolhe, abriga, educa e ama.

E, podemos considerar tradicional se forem vários casamentos? E como fica “o que Deus uniu, ninguém o separe”?

Religião? Responsabilidade exclusiva da família. Nosso país é laico pela Constituição e, portanto, ninguém tem o direito de impor ou criticar qualquer religião. Sem falar que o Brasil é um país com sincretismo religioso.  Seja a pessoa católica, evangélica, budista ou umbandista é direito dela professar sua religião sem intervenção de quem quer que seja.  

Alguns são levados a questionar através de pressuposto cristão, mas Jesus não era preconceituoso, acolhia os pobres, as prostitutas e os desamparados, tampouco prometia dinheiro ou sucesso. Ele pregava a misericórdia e o perdão. Também não pregava a violência, então é contraditório alguém se afirmar cristão e usar a mão para legitimar a violência, quando deveria estar posta em súplica.

Discursos de ódio, preconceito, machismo, racismo, homofobia ou xenofobia ferem, maltratam e matam. Famílias que protegem e educam para o respeito ao próximo são o antídoto mais poderoso contra discursos de ódio, independente da configuração.

Caçador de Mentes

O preconceituoso, homofóbico, racista ou machista que se acha “dono” do cônjuge cria um discurso com base no ódio. Não se pauta em caráter ou honestidade, muito menos em solidariedade ou empatia. Em geral usa violência, seja física ou moral.

Mindhunter é um relato do trabalho investigativo da Unidade de Ciência Comportamental do FBI e proporciona um vislumbre de perfis de assassinos em série. Destaquei um parágrafo que vale como reflexão. Me preocupo com a violência, como tantos, e os grupos de ódio parecem sempre prontos a colocá-la em prática.

É um perfil que se mostrou preciso: “Eu conseguia imaginar esse indivíduo se juntando a grupos de ódio, ou até mesmo a grupos com objetivos ou valores positivos, como uma igreja, e se convencendo que estava contribuindo com eles. Por isso conseguia imaginá-lo se juntando ao Exército, de onde, no entanto, teria sido rapidamente dispensado por motivos psicológicos ou por não conseguir se adequar à vida militar. Ele seria um indivíduo racional e organizado, e seu delirante sistema preconceituoso seria ordenado e “lógico”. ” (DOUGLAS, J.; OLSHAKER, M. Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano.  RJ: Intrínseca, 2017. p. 247).   Grifo meu: Vale lembrar que nem toda pessoa psicopata é criminosa, mas preconceituosos são violentos até pelas palavras.

Douglas ainda adverte que não há problema em aumentar o número de policiais ou presídios, mas que para reduzir a criminalidade é preciso que a violência dentro de casa, na casa dos vizinhos ou amigos também não seja tolerada, pois acredita que seja uma questão moral. (p. 372)

Publicado primeiro em:

https://www.jornalnh.com.br/opiniao/2022/07/21/cacador-de-mentes.html

A família e os Três Poderes

Originalmente publica em: https://www.jornalnh.com.br/opiniao/2021/08/20/a-familia-e-os-tres-poderes.html

Explicando didaticamente a importância dos Três Poderes em um país democrático, até porque em Ditaduras eles quando existem são meros coadjuvantes. Então temos uma família e desculpem se uso o modelo “tradicional”, já que uma família pode ser constituída de diferentes formas e todas merecem respeito se cumprem sua função de amar e proteger. Dito isto, vamos aos Três Poderes, que aqui se configuram com mãe, pai e filhos. Quando um deles toma todas as decisões sem ouvir os argumentos, ideias ou objetivos dos demais, temos uma Ditadura. Se o pai não permite que a mulher trabalhe fora ou estude, se o pai não aceita que o filho faça o curso universitário que escolheu ou que a filha aprenda a dirigir, um dos poderes está tomando para si o direito dos demais. Há um desequilíbrio e a família terá uma ruptura mais cedo ou mais tarde, podendo inclusive ocorrer uma tragédia, como muitas que testemunhamos diariamente através da mídia. Quando os Três Poderes conversam entre si e tomam as decisões de comum acordo (ou na forma da lei) há o que se chama harmonia. Se um deles, digamos os filhos, criam narrativas falsas e descolam alguns amigos para divulga-las aparecendo com armas para reforçar suas ameaças, não há harmonia que resista. Se a mãe, outro imprescindível poder, deixa de se contrapor aos desmandos de outro poder, é problema na certa. Vai enfraquecer a democracia familiar. Não interessa a ordem do grupo, cada um deles pode tomar qualquer uma das atitudes descritas, mas só funciona a contento quando há diálogo e mediação para finalizar os conflitos. Os Três Poderes são essenciais para que exista equilíbrio. Nenhum deles tem mais poder que a Constituição, ou seja, a Lei.

Ângela Maieski

Graduada – Ciência Sociais – Centro Universitário – Feevale

Especialização –  Língua, Literatura e Ensino: Teoria e Prática – FURG

A saga de Dona Maria

Dona Maria

Seu nome, escolhido pela falecida mãe devota da Santa, deveria servir de proteção. Ela mora num loteamento popular, numa casa com banheiro, água encanada e energia elétrica e sempre se sentiu privilegiada e protegida. Ganha um salário mínimo trabalhando de doméstica. Dois filhos e um marido perdido no mundo, mas nunca faltou dinheiro para pagar a prestação da pequena casa que consome 25% do seu salário ou para colocar comida na mesa. Até agora. Seu fogão é pouco utilizado por falta de gás, pois o bujão consome quase 10% do salário e não dura muito. O feijão é cozido sobre tijolos colocado sob um telhado improvisado com um pedaço de tapume recolhido na beira de uma estrada. O fogo é feito utilizando gravetos catados pelos filhos num matinho próximo. O gás é utilizado apenas para o café – sempre aguado para render mais – arroz e massa. Carne não aparece na mesa há meses, já que o preço está proibitivo, frango vá lá, desde que seja uma vez por semana. Feijão e arroz são racionados, pois o preço dobrou, mas sustentam porque tem “sustância” diz D. Maria. Pão ela assa no forno de barro de uma irmã, depois de caminhar alguns quilômetros para não gastar com o transporte público, pois os vales que ganha da patroa são para os quatro ônibus diários que usa para ir e vir nos cinco dias da semana. A chaleira elétrica e o forninho elétrico que ganhou da patroa estão proibidos já que a energia elétrica está custando “os olhos da cara”. Sorte ela tem por ter uma patroa que dá um rancho todo mês, e de vez em quando até roupas para ela e os filhos, mas mesmo assim duas crianças consomem ambos, roupas e alimentos de forma absurda, comem para crescer e crescem para que andem de calças curtas e calçados apertados.  Se a conta de luz ultrapassar os R$ 100, 00 (ou 10% do salário) e a conta de água ultrapassar os 20 m³ perde o desconto da tarifa social, o que significa que não há banhos diários, mas uma bacia com água morna vinda diretamente do fogareiro improvisado que serve para higienizar as partes essenciais. Sorte ela tem porque pode tomar banho na casa da patroa, mas depois de enfrentar um ônibus lotado no qual nem todos obedecem às regras de manter a máscara sobre o nariz e a boca, e ela usa até uma touca, mas chega em casa e usa a bacia para lavar todas as partes expostas incluindo a touca. Dona Maria se acha sortuda, sempre pensa que pior seria se tivesse um carro e tivesse que botar gasolina. Gastaria uns R$ 440,00 por mês (ou 40%). O sonho do filho mais velho de ser professor e do mais novo de ser engenheiro ficam mais distantes a cada dia. Quimera dizem alguns, já outros dizem que é para poucos. Como driblar a miséria sem educação? Maria sabe, herdou a sabedoria da mãe, mas a vida nem sempre ajudou. Pouco estudou, mas sabe como ninguém como controlar o pouco que tem, porém, está difícil neste ano de 2021. E assim segue a saga de Maria, tributo à Santa, sagacidade da mãe que sábia, sabia que a filha precisaria de amparo na atribulada vida.

Epidemias: Em que a história pode nos ajudar?

O  texto é da colega da área das humanas Jussara Prates Santos. Ela diz que se destina ao compartilhamento de conhecimento, porém solicitei sua autorização para postar no blog. Copiei os primeiros parágrafos e vou colocar o link para o blog da autora.

Epidemias: Em que a história pode nos ajudar?

  A pandemia por conta da disseminação do coronavírus tem gerado insegurança e prejuízos em larga escala, seja pelo elevado número de óbitos que afeta direta e indiretamente as pessoas, seja pela “paralisação das atividades econômicas”. Por ser um vírus ainda pouco conhecido dos cientistas e de rápida propagação, tem causado angústias e pressões psicológicas na sociedade.

       É inacreditável esse contexto caótico, digno de roteiros para o cinema. Inaceitável que uma sociedade cuja tecnologia e capital dominam suas ações, que expõe a sua evolução intelectual e modelo econômico como símbolo de avanços e modernidade, esteja sendo nocauteada por um vírus.

        Essa situação não é necessariamente, uma “novidade”, (o vírus sim!).

Acesse o link abaixo e conheça mais sobre as epidemias que assolaram o mundo e como elas foram vencidas.

 

https://pratessantos.wixsite.com/pratessantos/post/epidemias-em-que-a-hist%C3%B3ria-pode-nos-ajudar?fbclid=IwAR0rSkbcYENvaaJVJVW6GUNs9IEOJR8jSD6AtpIiZWhG2KWxGrVC_GU0sa0

 

Sobre discurso de paraninfo e entrevista de Drauzio Varella

Comentários nas redes sociais sobre o discurso do paraninfo Felipe Boff e sobre a entrevista com Drauzio Varella comprovam a importância do jornalismo.  Muitos comentários desfavoráveis aos dois homens que “colocaram suas caras a tapa” ao apresentar a dura realidade de fatos diferentes, mas extremamente importantes.

Estava já pensando em escrever algo sobre a importância do jornalismo e me surge esse mote, tão oportuno.  No contraponto de diferentes comentários surge o contraditório e ao mesmo tempo duvidoso, mas os comentaristas não parecem perceber essas nuances, as quais não resistem quando devidamente questionadas. Não foi um abraçar uma pessoa condenada por um crime, foi sobre gênero, pois assim como a maioria das mulheres são abandonadas por seus parceiros quando doentes ou presas, isso também ocorre com essas pessoas que ainda por cima se situam em um limiar marginal, nos dois sentidos. Seja por estarem na prisão ou por serem “diferentes”.  Do crime se cumpre a pena. Da sexualidade não se condena.

O discurso do paraninfo, defendendo a democracia e a liberdade de imprensa reflete bem um retrocesso ou um despertar da ignorância latente em grande parte da sociedade que quer silenciar por não querer refletir sobre questões pertinentes.

Alguns misturam religião e lei, sendo que a primeira só é “lei” para seus fiéis. O Estado é laico e republicano e não lhe compete essa combinação. Assim como não se deveria pensar em extirpar qualquer um dos três poderes em uma democracia, já que cada um deles é um elo que fortalece a cidadania. O povo é parte fundamental desse processo. Conhecer o funcionamento dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) seus acertos e seus deslizes, não das instituições em si, mas das pessoas que os integram.  Pessoas, que quando cometem ilegalidades devem sofrer a devida punição.

Jornalistas tem um papel extremamente importante e há de se encontrar aqueles com os quais concordamos na integra ou parcialmente e outros dos quais discordamos veementemente.  Importante é refletir sobre os pontos de discórdia, pois é através das diferenças que se aprende. Contestar e argumentar é bom, mas respeitar é fundamental.

Publicado originalmente no Jornal NH = 16/03/2020

Uma idosa na pós-graduação

Há momentos em que é necessário “dar um tempo”.  Por vezes é simplesmente ausência de inspiração, em outras é a rotina diária com suas exigências que demandam maior dedicação.  Prioridades fazem parte da vida de todos, são escolhas que temos que fazer mesmo que elas possam ser questionadas. Afinal, aquilo que é entendido por mim como prioridade pode não ser para outra pessoa.  Ao priorizar família, alunos e estudo, nessa ordem, tive que abrir mão do tempo dedicado a escrever minhas crônicas mesmo que parcialmente, pois eventualmente ainda o faço para o jornal da minha cidade.

Não deixei de escrever, até aumentei a quantidade dedicando-me aos trabalhos realizados na pós-graduação que escolhi fazer. Uma graduada em Ciências Sociais que resolveu se aventurar na área da Literatura! Muitas leituras e novos conhecimentos, porém exigindo também grande produção textual.  Aproveito o período de férias para retomar esse espaço e quem sabe partilhar minha experiência como idosa e pós-graduanda numa área que difere da minha graduação, mas que se assemelha de diferentes maneiras.

Estudar é tudo de bom, apesar de ser estressante por vezes. Disciplinas concomitantes, muitas leituras e trabalhos para elaborar nem sempre facilitam a vida do estudante, mas o conhecimento agregado é imensurável.  Ainda adolescente entendi que quanto mais lia e aprendia, mas via o quão pouco sabia e quanto havia para saber. Nunca parei de aprender, seja através de livros, conversas, práticas, experiências ou dos tombos que a vida nos dá.

Portanto, retomo esse espaço, talvez com menor frequência que inicialmente dediquei ao mesmo, talvez com ausências um tanto prolongadas, mas sempre partilhando ideias e experiências.

Caminhoneiros:   da década de 70 ao século XXI

Na década de 70 trabalhei em uma transportadora.  Os motoristas eram contratados por frete e suas reclamações devem ser parecidas com as atuais: baixo valor do frete, preço elevado do combustível, prestações dos caminhões a pagar, assaltos, estradas em péssimo estado, acidentes – por vezes em decorrência do sono, pois demorar significava um frete a menos – enfim, muitas queixas.

Quando os mesmos iniciaram uma greve, considerei justa, até por conhecer os problemas da classe, porém ao adicionaram o tema “intervenção militar” surgiu um sinal de alerta, somando-se a isso, surgiram caminhões de empresas  e empresários apoiando as reivindicações.  Ops, “pera aí”, como assim?  Pedir intervenção e abdicar do direito de greve? Como assim, empresários defendendo os trabalhadores?

Uma planilha de custos contêm todas as despesas e serve de base para calcular o valor do produto ou do serviço.  Esse por sua vez, vai ser pago pelo consumidor final.  O grande empresário nunca perde, mas pode ganhar mais.  Paga impostos demais? O povo também. Gasta demais com leis trabalhistas? O povo agradece.

Por outro lado, em 2015/16 surgiram às primeiras redes de apoio utilizando as mídias sociais, pró-Bolsonaro.  Não deve ser, portanto, coincidência.  Os caminhoneiros estavam descontentes e com razão, mas a direção que a greve tomou foi muito bem orquestrada através do instragam e do whatsapp.

Então chegamos ao período eleitoral, e mais uma vez as redes sociais foram amplamente utilizadas, por todos os partidos, se focando menos em apresentar propostas, mas principalmente em criar discórdia através das chamadas “Fake News”.  As pessoas acreditaram muito mais no falso, pois era maioria e replicaram até a exaustão.  Talvez a melhor campanha publicitária brasileira.  O bom é que pelo menos metade da população vai ter razão. Vão poder dizer:  Errei, que bom, ou errei, e agora?

 

Candidato X versus Y

X e Y representam incógnitas na matemática, na biologia é um sistema de determinação de sexo e na política, ou melhor, nesse texto representa uma hipótese.

Dois candidatos, aqui nomeados X e Y disputam votos e rejeições. Muitos optam por um, empurrados pela aversão ao outro. X na biologia se junta ao X ou ao Y, salvo algumas exceções, mas no alfabeto se une a outras consoantes e vogais. Há muitas opções que não X e Y, mas ao não reconhecer os perigos inerentes dessa polarização o eleitor não consegue perceber, seja por falta de informação ou pela aversão em si ao X ou Y.

Uma rejeição elevada significa que há uma parcela significativa da população insatisfeita, tanto com o que já vivenciou quanto com aquilo que não espera experimentar. Entra enfim a matemática, com sua incógnita, cujo resultado será correto ou não.

Assim, os apoiadores de X e Y uma vez a incógnita da eleição resolvida, podem partir para um confronto ou não. Os indecisos, que não concordam com X ou Y, que têm dúvidas a respeito de ideias ou condutas, que conseguem perceber que não há somente duas consoantes no alfabeto nem seres humanos que sejam somente X ou Y podem fazer a diferença. Ao concordar 100% com X ou com Y sua escolha está feita, mas se paira alguma dúvida pense no resto do alfabeto. Reveja as opções e escolha aquela que pareça mais apropriada. Não vote levado pela simples aversão.  Democracia permite escolhas e podem ser baseadas no melhor currículo, na menor rejeição, na experiência ou na ideologia. Do contrário temos X ou Y ambos com aproximadamente 40% de rejeição, trocando em miúdos, essa porcentagem é maior que a intenção de voto de qualquer um dos dois. Vale a reflexão.

Um país endividado

Um país endividado, com altos índices de desemprego, vivendo uma crise caótica, como se todas não fossem. O padrão de vida da classe média e baixa se deteriorando.  Restabelecer a ordem se faz necessário,  mesmo que com o uso  da força bruta. Greves e manifestações só atrapalham e os militares deveriam intervir para manter a ordem.  O ”diferente” não deve ter visibilidade. A moral precisa ser restaurada.  Os partidos de esquerda não deram resposta às demandas do povo e nem são coesos.  Essa é uma descrição real de um país que acreditou no discurso e viveu uma das piores ditaduras de todos os tempos, matando milhões de pessoas, na Segunda Guerra Mundial.

Aqui, o partido que governou o país por mais de dez anos navegava num céu de brigadeiro, sem perceber a tempestade que se avizinhava.  Todo poder é transitório, jamais eterno, nem mesmo num regime ditatorial.

Esse mesmo partido que contribuiu para que o país obtivesse avanços significativos nos indicadores sociais se envolveu em inúmeros escândalos, mas não fez um “ mea culpa” com a maioria dos integrantes afirmando  a inocência dos correligionários e a imprecisão da justiça, na qual o povo se apoia para obter justamente ela, a justiça.  Entre tantos problemas, criaram mais um, pois afirmam que a justiça, não só tarda, mas falha. Desacreditar a justiça é criar o caos. O combate à corrupção, ao suborno e às fraudes deve continuar, para que deixe de ser pandemia passando a meros casos esporádicos.

Não há de se isentar os demais partidos de sua parte da responsabilidade. Nem apoiar as inúmeras vantagens adicionais recebidas pelo legislativo e judiciário.  A reflexão deve ser sobre leis e direitos ou força e ordem.

Publicado originalmente em:https://www.jornalnh.com.br/_conteudo/2018/09/noticias/opiniao/2314552-um-pais-endividado.html