Brasil 88 x Espanha 12 – Se fosse futebol, a vantagem seria nossa!

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Reportagens, editoriais ou artigos de opinião repercutem com maior ou menor intensidade. Quanto maior a importância percebida pela sociedade, maior o número de comentários postados sobre o assunto. Em rápida pesquisa, constatei que o número de comentários em sites de notícias foi inexpressivo.

Na reportagem, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda diz que muitas redes de ensino que tinham como orientação a não reprovação dos alunos nos primeiros anos do ensino fundamental mudaram essas diretrizes, provocando a manutenção da reprovação, sendo ela a grande causa de distorção idade-série e segundo ela, “o MEC preparou um material específico para trabalhar com alunos de
15 a 17 anos que ainda estão no ensino fundamental. Será uma espécie de “curso” especial em que o conteúdo será ministrado de forma diferenciada, bem como a organização dos alunos. Em 2009, metade dos adolescentes de 15 a 17 anos não frequentava a série adequada para sua faixa etária, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).”

Se o MEC colocar em prática esse “curso” com certeza estará dando um passo rumo a qualidade do ensino, já que alunos com essas características acabam gerando conflitos em sala de aula, seja por conviverem muitas vezes com crianças menores de 12 anos ou ao migrarem para a EJA aos 15 anos de idade, quando o conflito se dá na convivência dos mais velhos, que retornam aos bancos escolares por imposição do mercado de trabalho, cada vez mais exigente e procuram assimilar os conteúdos de forma responsável.

Aumentar os dias letivos, como foi proposto pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, não vai qualificar a educação, se bem que o aumento da carga horária poderia fazê-lo, desde que todas as escolas tivessem espaço físico para tal e professores disponíveis, o que de fato não ocorre. Falar em ampliar carga horária, sem ampliar estrutura física, investindo em qualificação e valorização de recursos humanos é demagogia.

Professores do ensino público e até do privado, convivem com excesso de trabalho, numa rotina desgastante. Feriados e finais de semana são utilizados para dar conta de atividades ligadas à já nem tão venerada profissão de educador.

E da Espanha vem o exemplo. Com 176 dias letivos, está na 12ª colocação no ranking de educação da Unesco enquanto o Brasil amarga o 88º lugar.  O professorado se mobiliza contra o aumento de 18 para 20 horas de trabalho.

O protesto contra o plano que prevê corte no orçamento da educação, a fim de reduzir custos envolve professores de várias comunidades autônomas (Madrid, Galiza, Navarra, etc) que se mobilizam contra o aumento generalizado de horas letivas semanais. As mudanças obrigariam professores a lecionarem entre duas e quatro horas a mais por semana e causariam  demissões.

O salário médio dos professores espanhóis varia entre 1800 euros por mês para os professores primários e 2000 euros  para os professores do ensino secundário. O valor da moeda europeia corresponde a aproximadamente R$ 2,50  totalizando um salário de R$ 4.500,00 a R$ 5.000,00. O salário mínimo espanhol é de 640,00 euros (2011).

Um profissional graduado em informática recebe um salário entre 1.000 euros e 1.500 euros  por mês. Um profissional de vendas, graduado em Administração, com experiência, receberá entre 1.250 e  2.000 euros mensais, por 8 horas diárias (9h às 13h e das 15h às 20h).

Os salários dos professores espanhóis não podem ser considerados baixos. Lá não está sendo discutido ao aumento de dias letivos, que são 176 dias, bem menos que os 200 brasileiros. O problema está no aumento das horas e em consequência, a demissão de muitos professores, já que a educação parece ser a primeira opção, quando se trata de corte no orçamento.

Na Espanha, os professores estão lutando pela manutenção de qualidade na educação, no Rio Grande do Sul os professores de escolas particulares estão se mobilizando para o Domingo de Greve…  Qualidade, em política, vira sinônimo de quantidade, mas de dias letivos e carga horária, não em remuneração justa.

E, paro por aqui, pois se “linkar” com a indisciplina, ausência de valores e violência,  entra em pauta a necessidade de atendimento psicológico para grande parte dos professores que sentem-se desrespeitados, constrangidos e agredidos, mesmo que em episódios pontuais.

Sites consultados:

Tabela: Países/dias letivos

http://www.fepesp.org.br/noticia_destaque.asp?id=1784

http://www.diariodecanoas.com.br/educacao/331357/um-em-cada-cinco-alunos-do-ensino-fundamental-esta-atrasado-na-escola.html
http://1.bp.blogspot.com/-mHx7voi0NMQ/TmoofBuR85I/AAAAAAAAA5Q/O4FaOZtVNhA/s1600/prof+espanha.jpg

http://www.infojobs.net/

Charge:

http://www.ivancabral.com/

Palocci, meu “ídolo” blindado. *

O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, por 8 votos a 1, a lei que criou o piso nacional de salário do professor, fixado em R$ 1.187,97 para este ano. Multiplicando-se esse valor por treze, o professor “pisado”,  ou seja, aquele que tem direito ao piso, receberá ao final de um ano de trabalho R$ 15.443,61 sem levarmos em conta os descontos legais. Ao final de 10 anos teria o valor de R$ 154.443,61 – valor esse que permitiria adquirir uma casa ou apartamento destinado à classe C ou D, dependendo da região.  Trabalhando 100 anos (cem anos) poderia juntar R$ 1.544.361,00 – Um milhão, quinhentos e quarenta e quatro mil, trezentos e sessenta e um reais.

Cem anos para chegar até a casa de um milhão. Quatrocentos anos para poder comprar um apartamento de R$ 6.000.000,00. Isso se minhas contas não estiverem erradas, afinal, não sou uma gênia das finanças e descobri também que sou uma completa ignorante em matéria de consultoria.

Consultor é o profissional que, por seu saber e sua experiência, fornece consultas técnicas ou pareceres, a respeito de assuntos ou matéria dentro de sua especialidade. Segundo Peter Block (1991), “o consultor é uma pessoa que, por sua habilidade, postura e posição, tem o poder de influência sobre pessoas, grupos e organizações […]”.

Nesses termos, não difere muito do trabalho do professor, que oferece aos alunos seu conhecimento sobre determinada área, usa sua experiência para “traduzir” a informação, facilitando a compreensão e posteriormente fornece um parecer, avaliando o aprendizado, mas o faturamento final, em cifras monetárias é surreal.

Por isso tudo, Palocci é meu” ídolo”. O cara é um gênio. Em um ano, sua empresa faturou 20 milhões, metade deles em apenas dois meses, mas se compararmos com o faturamento da Petrobras – lucro líquido de R$ 10,99 bilhões – ou do Banrisul – lucro líquido de R$ 211,3 milhões,  no primeiro trimestre de 2011, seu lucro líquido deve ter sido irrisório comparado ao dessas duas instituições.

Vamos blindar o Palocci e aproveitando o exemplo, nós professores deveriamos solicitar a mesma deferência. Se bem que nem todas escolas precisem do recurso, em outras tantas os professores agradeceriam a providência. Com certeza se sentiria mais seguros, se pudessem dar suas aulas protegidos contra classes voadoras, socos, pontapés ou disparos.   A blindagem também evitaria que algum professor aloprado, estressado  ou  agressivo, colocasse a mão em algum aluno, mero estopim de um problema não detectado e não tratado.  Não que o professor tenha motivos para tal.

Ele é reconhecido pela comunidade como o “salvador da pátria”. Concursado ou contratado, dificilmente dorme 8 horas por noite, mas pode aproveitar para cochilar enquanto chacoalha nos ônibus, come pastel de vento pago com seu vale refeição e se lhe negam o cuscuz, conforme relatou a professora Amanda,  por ser de direito e de fato, destinado ao aluno, pode transformar a refeição num ato pedagógico alimentando-se ao lado do aluno e de boca cheia de um discurso nutricional, explicar o substancial valor do prato consumido.

Leva trabalho para casa e ao invés de perder tempo olhando televisão ou se estressando educando seus próprios filhos, se dedica com afinco a sublime tarefa de decifrar e elucidar as respostas mais incríveis que se possa imaginar. Nas suas horas atividades, planeja suas aulas. Nas horas de lazer, decodifica o resultado. Depois de 400 anos, talvez bastem 350, já que se deve contar com alguns aumentos, ele terá poupado o suficiente para poder comprar um apartamento de 6 milhões. É só não gastar nada do salário. Poupar é um bom exemplo a ser dado para os filhos.

*Angela I. Maieski – Graduada em Ciências Sociais – Professora em escola pública